Hei-de
correr de novo
os caminhos perfumados
de flores silvestres
sentir na pele o frio seco
dos invernos mais agrestes.
Caminhar descalça
pelos campos da minha
infãncia
pisar com os pés nus
a terra lavrada
sentir a liberdade
dos tempos de criãnça.
Hei-de
subir de novo aos montes
povoado de urzes e pinheiros
beber com a mão
a água fresca da nascente
ouvir o canto dos grilos e das cigarras
nos ribeiros.
voltar de novo ao casario
que me viu nascer
ouvir as histórias de um povo
que sempre lutou para viver.
Hei-de
sentir-me de novo protegida
no ventre da minha terra
encontrar de novo a inoçencia
da minha alma antes da
guerra
cortar os laços que fiz
na efemeridade do tempo
esquecer a dor e o desalento
ir mais longe mais além
reencontrar de novo o ventre de
minha mãe.
Hei-de
voltar ao principio de tudo
numa dimensão onde me sinta
protegida
morrer e renascer para um nova
existencia
reconstruir novos sonhos
uma outra
vida.